
O aumento na mistura de biodiesel está causando falhas em motores a diesel. Eu explico aqui o que está acontecendo nos bastidores.
Nos últimos meses, eu tenho acompanhado muitos relatos preocupantes de motoristas enfrentando problemas sérios com seus veículos a diesel. Caminhões, ônibus, SUVs — todos com queixas parecidas: perda de potência, falhas no motor e, em alguns casos, o veículo simplesmente para no meio da estrada.
E sabe o que geralmente acontece? O dono precisa chamar o reboque, leva o veículo até a concessionária, e lá vem o diagnóstico: “Diesel adulterado”. Mas será que é isso mesmo?
O diesel está mesmo adulterado?
A resposta é: não da forma como você pensa. O que poucos sabem é que o diesel vendido hoje no Brasil já contém 14% de biodiesel. Isso não é adulteração feita em posto — é uma medida oficial do governo. Aliás, a ideia é aumentar esse percentual gradualmente até 20% até o ano de 2030.
Essa mudança foi feita por pressão de produtores de biodiesel, que querem aumentar sua participação no mercado. Mas quem está pagando o preço sou eu, é você, são todos que dependem do motor a diesel.
O que há de errado com o biodiesel?
O problema não é o biodiesel em si, mas a qualidade e a composição dele. Parte desse biodiesel tem origem vegetal, como a soja, mas uma fração vem de fontes animais — como sebo e gordura. E é aí que está o risco.
Quanto mais conteúdo animal, mais o biodiesel decanta — ou seja, se separa e forma resíduos. Isso entope filtros, suja os bicos injetores e compromete o funcionamento do motor. E adivinha quem sofre com isso? Eu, você, todos que usam motores a diesel no dia a dia.
O risco vai além das estradas
E não são só os veículos que correm risco. Já parou pra pensar nos geradores a diesel que abastecem hospitais? Eles podem ficar meses sem uso, mas, quando são acionados em uma emergência — como numa cirurgia, por exemplo —, não podem falhar.
Só que se o combustível ficou parado no tanque e decantou, a borra vai direto pro sistema, e o gerador pode não funcionar quando mais precisa. Isso não é exagero. É um risco real que já deveria estar sendo discutido com seriedade.
E os veículos que rodam com 100% de biodiesel?

Alguns defensores do biodiesel dizem que já existem caminhões e ônibus rodando com B100 (100% biodiesel) sem problemas. Mas o que eles não mencionam é que esses veículos utilizam aditivos caríssimos para manter o combustível estável — algo totalmente fora da realidade da maioria dos usuários.
Além disso, esses veículos consomem o combustível quase imediatamente. Se deixar o biodiesel parado por uma semana, ele já começa a decantar, e os problemas mecânicos aparecem.
Minha recomendação: pense duas vezes antes de escolher um motor a diesel
Se eu estivesse pensando em comprar um carro hoje, e tivesse a opção entre motor diesel, gasolina ou etanol, eu optaria por um motor flex. A tendência é que os motores a diesel enfrentem cada vez mais dificuldades, a menos que soluções reais — e não paliativas — sejam adotadas.
Conclusão: o biodiesel precisa de revisão — e rápido
O aumento forçado de biodiesel no diesel comercial está causando prejuízos e colocando vidas em risco. Tudo por causa de uma decisão política, empurrada por pressões econômicas, e sem considerar o impacto técnico real dessa mistura nos motores e equipamentos.